Novembro Negro: Ex-técnico do Bahia celebra "experiência memorável" quando esteve no Esquadrão
Valorizando o resgate da ancestralidade, ex-técnico do Bahia destaca luta contra o racismo quando morou em Salvador
Pela primeira vez na história do Brasil, o Dia da Consciência Negra se tornou feriado nacional a partir deste ano. O Bahia celebrou esse marco importante com o lançamento da camisa “Made In Candyall”, homenageando a vida e a arte do baiano Carlinhos Brown.
Já o atual técnico do Internacional, Roger Machado, publicou um texto no site The Players Tribune Brasil, destacando sua luta no combate ao racismo no futebol, quando foi treinador do Esquadrão de Aço. O profissional esteve no clube baiano entre as temporadas 2019 e 2020.
O futebol também me abriu muitas janelas. Talvez a mais representativa delas, contribuindo para que eu me enxergasse de forma completamente diferente, é a do Bahia. Ou melhor, da Bahia. Ter morado por 18 meses em Salvador foi uma experiência memorável. Não só por ter trabalhado num clube onde eu me senti encorajado e empoderado para falar sobre valores sociais que compartilhamos, mas por ter sido o lugar onde resgatei minha ancestralidade”, inicia Roger.
À frente do comando técnico do Bahia, Roger Machado representou diversas ações afirmativas promovidas pelo clube, na época. Além disso, o técnico recebeu a Medalha Zumbí dos Palmares - comenda dedicada a pessoas físicas ou jurídicas que se destacaram no combate à discriminação ou preconceito racial – em dezembro de 2019.
Foto: Reprodução / Bnews / Felipe Oliveira/EC Bahia
E completa: “A tal ponto de tomar a iniciativa de fazer o teste de DNA para tentar me descobrir mais a fundo, descobrir a minha identidade. E aí eu tive uma revelação surpreendente. 25% mesoamericano e andino. 22% queniano. 19% nigeriano. 18% italiano!”, destaca.
Muitas ações afirmativas que contaram com Roger Machado como personagem principal na luta contra o racismo no futebol, teve a parceria do Observatório Racial no Futebol. Desde 2014, o observatório monitora os casos de racismo no futebol brasileiro e mundial.
Foto: Reprodução / Bnews / Felipe Oliveira/EC Bahia
O restante é uma mistura de seis grupos étnicos distintos. A partir do momento que tu conhece tuas origens e se vê representado na televisão, nos jornais e nos livros, teu entendimento sobre a vida ganha outra dimensão.
Desde criança, eu fui ensinado a pensar que a história negra começou nos navios que traziam indivíduos escravizados. A escola não mostrava meu povo como protagonista da formação do Brasil. Pelos ensinamentos que aprendi, eu hoje deveria achar normal que no shopping perguntem à minha parceira Camile, que é branca, se uma das nossas filhas, que puxou a minha cor e o meu cabelo, é adotada.
As janelas que o futebol — e os livros — me abriram mostram que não, isso não deve ser aceito como parte do normal. Nossa história não se resume à escravidão nem ao racismo.”
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