Seja bem-vindo
Mata de São João,05/02/2025

  • A +
  • A -
Publicidade

Veja as perdas e ganhos que o país pode ter com a guerra comercial de Trump

País pode aumentar venda de calçados e acelerar acordo UE-Mercosul, mas receber ainda mais produtos chineses

Fonte: Tribuna da Bahia
Veja as perdas e ganhos que o país pode ter com a guerra comercial de Trump Foto: Reprodução / Tribuna da Bahia / Marcello Casal Jr./Agência Brasil
Publicidade

Numa feira do setor de calçados, em janeiro, na cidade italiana de Riva Del Guarda, importadores americanos procuraram produtores brasileiros. Alguns fecharam ordens de compra se antecipando à possível taxação de fabricantes chineses por Donald Trump. O temor era de desabastecimento com possível encarecimento de produtos chineses.

Este é só um dos efeitos indiretos — e positivos — que o Brasil pode ter com o novo capítulo da guerra comercial iniciada no segundo mandato de Trump: elevar a venda de produtos aos EUA em substituição aos itens chineses.

“Os americanos já vinham se antecipando e buscando outros mercados para se abastecer, e o Brasil é um deles. Os EUA já são nosso principal destino”, diz Haroldo Ferreira, presidente-executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), lembrando que, no ano passado, o Brasil exportou 10,28 milhões de pares para o mercado americano por US$ 216,3 milhões, quedas em volume (-3,3%) e em receita (-4,8%) em relação a 2023.

Mas, ainda no segmento de calçados, o Brasil pode sofrer outro impacto indireto da taxação chinesa: o receio do setor é que o país e outros mercados da América Latina sejam usados para “desovar” calçados chineses, que ficarão mais caros nos EUA. As principais origens das importações no Brasil foram China, Vietnã e Indonésia, que responderam por mais de 80% dos calçados que entraram em 2024.

Setor automotivo

No acumulado do ano, as importações de calçados da China somaram 9,8 milhões de pares e US$ 40,2 milhões, alta de 4% em volume e queda de 16% em receita em relação a 2023. O preço médio ficou em US$ 4,06, queda de 19% ante 2023, um indicativo de preços artificialmente abaixo dos praticados no mercado (dumping), segundo a Abicalçados.

O professor de economia chinesa do Insper, Roberto Dumas, prevê um recuo no crescimento como impacto indireto para o Brasil do “tarifaço” de Trump, pois mesmo sem tarifas sobre produtos brasileiros, por ora, o BC pode ter que subir mais os juros com o dólar se valorizando e pressionando a inflação.

Dumas lembra que no primeiro mandato de Trump a China retaliou os EUA com mais força. Enquanto os EUA tributaram 56% dos produtos chineses, os asiáticos impuseram tarifas a 64% da pauta comercial, incluindo commodities agrícolas:

“Isso elevou a venda de itens do agro brasileiro para a China. Agora, Trump impôs tarifa de 10% e pode negociar com os chineses, exigindo que comprem mais soja dos EUA para não aumentar ainda mais as tarifas. O setor privado, mas especialmente o governo, devem acompanhar qual cenário vai se desenhar”.

Dumas avalia que se Trump impuser tarifas sobre os produtos da União Europeia, o acordo com o Mercosul pode acelerar, mesmo com França, Irlanda e Holanda sendo contrários à aliança.

“Mesmo com resistência de alguns países, o cenário para o acordo é diferente do anterior e tende a melhorar, não piorar”, diz Dumas.

No caso da indústria automobilística, as tarifas sobre México e Canadá não trazem consequências ao Brasil. Mas a tarifação que os EUA já vinham impondo aos carros elétricos chineses, desde setembro (de 100% sobre veículos e 25% sobre baterias), já preocupava, e ganha mais tensão com o novo capítulo da guerra comercial.

Publicidade



COMENTÁRIOS

Buscar

Alterar Local

Anuncie Aqui

Escolha abaixo onde deseja anunciar.

Efetue o Login

Recuperar Senha

Baixe o Nosso Aplicativo!

Tenha todas as novidades na palma da sua mão.