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No Brasil, há quem diga que o ano só começa de verdade depois do Carnaval. E não é para menos: durante esse período, o país parece se voltar para a festa mais popular do calendário nacional, movimentando assim a economia em diversas frentes. 

Dessa forma, o ritmo parece ficar mais lento para alguns setores durante os dias de folia, que optam pelo recesso. O jovem F.H., de 20 anos - que preferiu não se identificar -, trabalha em uma empresa de costura que fica localizada no bairro do Uruguai. A firma, no entanto, vai entrar em recesso durante o Carnaval. Contudo, o funcionário recebe o pagamento de R$ 90 por diária trabalhada, e, com isso, vai ficar sem esse valor durante os dias da festa momesca. 

“Com o Carnaval, algumas costureiras param de costurar para a loja e eu fico sem roupa pra passar e separar”, explicou ao BNews, descrevendo sobre a sua demanda de trabalho. “A produção diminuiu. E se diminuiu, não tem trabalho pra mim”, continuou.

Apesar de não receber durante o recesso, F.H. disse que se organizou financeiramente para esses dias e prefere passar o período fora de Salvador, na ilha ou em alguma cidade da Região Metropolitana. A equipe do BNews tentou entrar em contato com os responsáveis da empresa para entender como se preparam para o recesso, mas preferiram não se posicionar. 

O impacto não atinge apenas trabalhadores informais, como também os que possuem registro na carteira. Escritórios de advocacia, consultorias e empresas de tecnologia também tendem a funcionar em um ritmo mais lento e muitas dessas empresas também entram em recesso. Outras adotam novas estratégias, como escalas de trabalho ajustadas e campanhas de marketing voltadas para manter a atenção do público, garantindo que o ‘ano novo’ comece com tudo após o Carnaval.

Setores que aquecem com o Carnaval

Do comércio ao turismo, passando pela hotelaria e pelo setor de alimentação, a folia impulsiona negócios e gera novos empregos, criando um impacto que se estende até depois que os últimos blocos saem das ruas.

A estimativa é de que o segmento de Comércio e Turismo movimente, na capítal baiana, aproximadamente, R$ 4,5 bilhões, com aumento de 10% em relação ao mesmo período do ano anterior. Hotéis e pousadas registram lotação máxima, enquanto bares e restaurantes lucram com o aumento no fluxo de clientes. 

“O melhor momento da cidade é agora. Estamos vivendo o verão com o maior índice de ocupação hoteleira da história, recorde na chegada de cruzeiros, aumento no número de turistas e maior tempo de permanência dos visitantes. O Carnaval é o grande momento para celebrar tudo isso”, disse o prefeito Bruno Reis, durante evento de programação e serviços do Carnaval de Salvador 2025, que aconteceu na sexta-feira (21).

A Prefeitura de Salvador, por meio da Secretaria de Comunicação (Secom), prevê a criação de aproximadamente 250 mil postos de trabalho durante os seis dias de Carnaval, com um impacto econômico estimado em R$ 1,8 bilhão. 

O destaque do mercado se volta para a categoria de Comércio Varejista, sobretudo em relação a supermercados e vestuário, com arrecadação de 4,1 bilhões de reais. “A movimentação é grande, tanto pelo lado dos consumidores, quanto por parte dos empresários, que vão abastecer os estoques de alimentos e bebidas para eventos, hotéis etc”, contou o presidente do Sistema Comércio BA - que envolve a Fecomércio, o Sesc e o Senac-, Kelsor Fernandes, sobre a previsão do varejo.

O consultor econômico da Fecomércio BA, Guilherme Dietze, alerta para uma excessão. “No segmento de vestuário, é importante deixar claro que o dado não consegue captar as vendas de abadás dos trios de Salvador, por exemplo. Trata-se do varejo regular, estabelecido o ano todo”.

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